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domingo, 22 de janeiro de 2012

A questão regional por trás da crise

Há pelo menos um ponto positivo para o Nordeste no caso das acusações contra o ministro Fernando Bezerra Coelho, da Integração Nacional, é o que afirma a matéria assianda por Vandeck Santiago para o Diário de Pernambuco. As denúncias  puxaram o tema da desigualdade regional para o centro do debate – de forma enviesada, é verdade, mas de todo modo capaz de gerar discussões sobre o Nordeste em comparação com as regiões mais desenvolvidas do país.
“É fato que existe no Brasil uma certa rivalidade com a questão regional”, disse ao Diario o cientista político Marcos Costa Lima, presidente da Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais). Outro especialista, o economista Cícero Péricles de Carvalho (UFAL), segue no mesmo tom: “Existe um forte preconceito antiNordeste dos segmentos mais conservadores do Sul e Sudeste”.
O Nordeste teve tratamento especial durante o governo Lula (2003-2010), a região e Pernambuco têm apresentado índices de crescimento superiores à média do país, tornaram-se alvos de um pujante fluxo de investimentos públicos e privados e o governador Eduardo Campos (PSB) já entrou no rol dos presidenciáveis (o que gera atritos tanto dentro da base aliada do governo quanto na oposição) – tudo isso em conjunto formou o que o professor Marcos Costa Lima (UFPE) chama de “cenário movente”, que na opinião dele “propiciou o surgimento do caso”.
Há que se considerar ainda, diz Costa Lima, que apesar dos avanços obtidos pela região, “os desníveis regionais continuam altíssimos no Brasil”. Opinião semelhante à do presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), economista Márcio Pochmann, que é de São Paulo. Em mensagem postada no seu Twitter, sexta-feira, referindo-se especificamente à questão regional (mas sem nenhuma alusão ao caso do ministro), Pochmann afirmou: “Situação social no Brasil melhora nos anos 2000. Mas as diferenças regionais ainda são gritantes. O povo é um só”.
As acusações contra Bezerra Coelho começaram a partir da divulgação da dados da ONG Contas Abertas, de que ele teria beneficiado Pernambuco com verbas para a prevenção de enchentes. Não se levou em conta que o estado sofrera duas grandes enchentes (em 2010 e 2011), que dispunha de projetos para habilitar-se ao recebimento dos recursos e que a maior parte das verbas prevenção de desastres naturais sai não do Ministério da Integração, mas do Ministério das Cidades. A partir da primeira denúncia, outros flancos foram abertos, com questões pontuais envolvendo a antiga gestão de Fernando Bezerra na Prefeitura de Petrolina e a ação parlamentar do seu filho, Fernando Bezerra Filho, que é deputado federal (PSB).
Fernando Bezerra e o filho têm respondido às críticas com notas oficiais e entrevistas. No último dia 12 o ministro apresentou sua defesa no Congresso. “Vossa excelência está sendo vítima pelo fato de ser nordestino”, disse o senador Humberto Costa,  durante a sessão. “Acho difícil que se tivesse havido liberação até maior para estados como São Paulo tivesse essa celeuma. Isso só acontece quando se trata do Nordeste”.
Fonte: Blog Elba Galindo

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