Há
pelo menos um ponto positivo para o Nordeste no caso das acusações
contra o ministro Fernando Bezerra Coelho, da Integração Nacional, é o
que afirma a matéria assianda por Vandeck Santiago para o Diário de
Pernambuco. As denúncias puxaram o tema da desigualdade regional para o
centro do debate – de forma enviesada, é verdade, mas de todo modo
capaz de gerar discussões sobre o Nordeste em comparação com as regiões
mais desenvolvidas do país.
“É fato que existe no Brasil uma certa
rivalidade com a questão regional”, disse ao Diario o cientista
político Marcos Costa Lima, presidente da Anpocs (Associação Nacional
de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais). Outro especialista, o
economista Cícero Péricles de Carvalho (UFAL), segue no mesmo tom:
“Existe um forte preconceito antiNordeste dos segmentos mais
conservadores do Sul e Sudeste”.
O Nordeste teve tratamento especial
durante o governo Lula (2003-2010), a região e Pernambuco têm
apresentado índices de crescimento superiores à média do país,
tornaram-se alvos de um pujante fluxo de investimentos públicos e
privados e o governador Eduardo Campos (PSB) já entrou no rol dos
presidenciáveis (o que gera atritos tanto dentro da base aliada do
governo quanto na oposição) – tudo isso em conjunto formou o que o
professor Marcos Costa Lima (UFPE) chama de “cenário movente”, que na
opinião dele “propiciou o surgimento do caso”.
Há que se considerar ainda, diz Costa
Lima, que apesar dos avanços obtidos pela região, “os desníveis
regionais continuam altíssimos no Brasil”. Opinião semelhante à do
presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada),
economista Márcio Pochmann, que é de São Paulo. Em mensagem postada no
seu Twitter, sexta-feira, referindo-se especificamente à questão
regional (mas sem nenhuma alusão ao caso do ministro), Pochmann
afirmou: “Situação social no Brasil melhora nos anos 2000. Mas as
diferenças regionais ainda são gritantes. O povo é um só”.
As acusações contra Bezerra Coelho
começaram a partir da divulgação da dados da ONG Contas Abertas, de que
ele teria beneficiado Pernambuco com verbas para a prevenção de
enchentes. Não se levou em conta que o estado sofrera duas grandes
enchentes (em 2010 e 2011), que dispunha de projetos para habilitar-se
ao recebimento dos recursos e que a maior parte das verbas prevenção de
desastres naturais sai não do Ministério da Integração, mas do
Ministério das Cidades. A partir da primeira denúncia, outros flancos
foram abertos, com questões pontuais envolvendo a antiga gestão de
Fernando Bezerra na Prefeitura de Petrolina e a ação parlamentar do seu
filho, Fernando Bezerra Filho, que é deputado federal (PSB).
Fernando Bezerra e o filho têm
respondido às críticas com notas oficiais e entrevistas. No último dia
12 o ministro apresentou sua defesa no Congresso. “Vossa excelência
está sendo vítima pelo fato de ser nordestino”, disse o senador
Humberto Costa, durante a sessão. “Acho difícil que se tivesse havido
liberação até maior para estados como São Paulo tivesse essa celeuma.
Isso só acontece quando se trata do Nordeste”.
Fonte: Blog Elba Galindo
0 comentários:
Postar um comentário