As previsões climáticas para o Semiárido pernambucano este ano não são
as melhores. As chuvas devem ficar abaixo da média e prolongar a
estiagem que já entrou no segundo ano. Portanto, já que a água não vem
de cima, o Governo do Estado quer tirá-la do subsolo. Nos próximos seis
meses, o Agreste e o Sertão terão 200 novos sistemas de osmose reversa,
popularmente conhecidos por dessalinizadores, que são capazes de retirar
os sais da água provenientes dos lençóis freáticos, tornando-a própria
para o consumo humano. Os equipamentos custarão R$ 12 milhões e
beneficiarão pelo menos dez mil famílias.
Os equipamentos serão implantados pela Secretaria de Recursos Hídricos e
Energéticos do Estado (SRHE), porém deverão ser operados e mantidos
pelas prefeituras concedentes dos terrenos. Segundo o gerente geral de
Recursos Hídricos, Mauro Lacerda, até o fim de abril pelo menos 20 novos
sistemas dessalinizadores já estarão instalados e funcionando. “A
osmose reversa é um processo relativamente simples.
A água carregada de
sais passa por uma membrana que retém esses materiais. A parte da água
sai pura para o consumo. Por outro lado, é produzido o que chamamos de
rejeito, que vai para um tanque e pode servir de criadouro para peixes
ou aplicado em lavouras”, explicou.
Como o sistema que não é barato, pois cada dessalinizador custa em média
R$ 60 mil, uma forma de compensar o que poderia ser um problema
ambiental é transformá-lo em oportunidade de negócio. Por isso, a
aplicação do rejeito na pscicultura já está sendo testada em Ibimirim.
Com o apoio do Ministério do Meio Ambiente e do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), 70 famílias estão sendo
beneficiadas com dois tanques para criadouros de peixes. Em menos de
quatro meses os trabalhadores rurais conseguiram produzir quase 700
quilos do animal.
“A Unidade Demonstrativa que nós implantamos em Ibimirim também tem sido
fundamental na irrigação da erva atriplex ou, como é conhecida,
erva-sal. Nosso objetivo é levar a ideia para outros sistemas de osmose
reversa, porém isso depende de condições técnicas como terreno propício e
mínimo de vazão”, adiantou Lacerda.
O Estado estima que existam cerca de 150 dessalinizadores instalados na
região do Semiárido e que boa parte deles encontra-se fora de uso. Até o
fim do ano, a SRHE pretende assumir a manutenção dos equipamentos, que
hoje é feito por empresas privadas. De acordo com o gerente de Recursos
Hídricos, em alguns casos o valor cobrado para manter três
dessalinizadores poderia ser investido em 300. “Vamos propor um acordo
mais econômico para os municípios e garantir um maior controle da
secretaria”, afirmou Lacerda.
Além disso, a SRHE tem um contrato de R$ 7 milhões com o Instituto de
Tecnologia de Pernambuco (Itep) para recuperar mais 150 sistemas de
dessalinização, e de R$ 3,5 milhões com a Aquapura para instalar mais
100. Até o fim do ano, Pernambuco deve contar com o funcionamento de 600
dessalinizadores que atenderão 30 mil famílias. Fonte: Bodocó na Net