O debate sobre a emancipação de
distritos é tão antigo quanto polêmico. Prevista para esta semana, a
votação do projeto de lei que estabelece os critérios nacionais para a
criação de novos municípios irá regulamentar, de uma vez por todas, a
questão em todo o território nacional, mas não encerrará a dúvida sobre a
eficácia da medida para otimizar os resultados da gestões municipais e
melhorar, de fato, a vida do povo. Um dos envolvidos nessa discussão e
reticente com o alto número de propostas propondo a separação de cidades
– em Pernambuco, tramitam 27 na Assembleia Legislativa – é o deputado
federal Raul Henry (PMDB).
De acordo com o Jornal do Commercio, em
2007, ele chegou a apresentar um Projeto de Emenda Constitucional (PEC)
para tentar barrar a “farra” da criação de municípios nos legislativos
estaduais enquanto não houvesse um marco nacional sobre o assunto. O
peemedebista considera “legítimas” mobilizações populares pela autonomia
dos distritos, como no caso de Cavaleiro, já que, segundo ele, têm como
pano de fundo a carência de políticas públicas eficientes.
Porém, o parlamentar afirma que não há
estudos que comprovem que os distritos que se transformaram em cidades
alcançaram, necessariamente, um desenvolvimento econômico e social
satisfatórios. Ele cita uma pesquisa do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), de 2002, mostrando que 86,6% dos
municípios criados de 1988 até aquela data eram classificados como
“economicamente insustentáveis”.
“A emancipação não traz necessariamente
desenvolvimento. É preciso considerar que você vai tirar receitas
públicas que cobrem serviços-fins para cobrir serviços-meios”, disse o
deputado federal, referindo-se ao impacto do custeio de uma nova máquina
municipal. Raul Henry também pontua que há casos em que o movimento em
favor da criação de novas cidades está ligado a interesses eleitorais.
Durante a votação do projeto 406/2008, na Câmara Federal, ele
apresentará uma emenda que exigirá a comprovação de que o município a
ser criado terá condições de custear todos os seus agentes políticos –
do prefeito aos cargos comissionados – com receitas próprias.
Autor de projetos que preveem a
transformação de três distritos em novas cidades em Pernambuco, o
deputado Odacy Amorim (PT) tem outra avaliação. O petista sustenta que a
emancipação traz desenvolvimento. Para embasar sua afirmação, cita os
casos de Abreu e Lima e Camaragibe, antigos distritos que foram alçados à
condição de cidades. “Eu vejo distritos que conquistaram autonomias
financeira e administrativa se desenvolvendo. A emancipação é uma forma
de construir, distribuir riqueza, melhorar a vida das pessoas. Eu
acredito nesse princípio como forma de desenvolvimento”, argumenta.
Fonte: Blog Elba Galindo
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