Foi
decretado estado de emergência em 99 municípios pernambucanos em
função da seca que atinge o estado. Segundo o secretário estadual de
Agricultura, Ranilson Ramos, o número engloba todos os 56 municípios do
sertão de Pernambuco e 43, das 66 cidades no Agreste, como informa a
Agência Brasil.
Os agricultores, que respondem por cerca
de 6% do Produto Interno Bruto de Pernambuco, já contabilizam
prejuízos provocados pela seca na ordem de R$ 411 milhões, como perdas
de 370 mil toneladas de grãos. “Esta é a maior seca dos últimos 50
anos. Tivemos 25% de precipitação de chuvas nos últimos seis meses”,
afirmou o secretário.
Pelas contas do governo, nos quatro
primeiros meses deste ano, o setor pecuário registrou 120% mais saídas
de animais do estado (bovino, caprino e ovino) do que no mesmo período
do ano passado. “Isso significa que estamos perdendo rapidamente nosso
rebanho, que chega a 6 milhões de animais. Se o rebanho ficar aqui,
morre porque não tem água ou pasto”, explicou Ramos.
Para Marcelo Cauás Asfora, presidente da
Agência Pernambucana de Águas e Clima de Pernambuco (Apac), não é
possível estimar com precisão os prejuízos. Segundo ele, os impactos na
agricultura vão afetar outros setores que dependem dos produtos.
Os governos federal e estadual
disponibilizaram recursos para construção de cisternas que vão acumular
águas das próximas chuvas e armazenar a água que está sendo levada por
800 carros-pipas . A Secretaria de Agricultura de Pernambuco também
informou que autorizou a distribuição de sementes de milho para plantio
e ração, mas ainda não existem medidas estruturais para enfrentar o
problema da seca no estado.
“Existe um conjunto de ações para
reduzir as perdas mas tem que pensar em ações de médio e longo prazo,
como dotar de infraestrutura a região. Embora não tenha como prever
como será a seca deste ano, quem nasce no sertão sabe que vai enfrentar
o problema”, disse Asfora.
Segundo o presidente da Apac, hoje
existem duas obras em andamento que, se estivessem prontas, poderiam
resolver o problema de abastecimento de 80 municípios que estão em
emergência. “A Adutora do Pageú, que captaria água do Rio São
Francisco, e Adutora do Agreste, que vai atender a 60 municípios do
Agreste e outras 70 localidades. Ao longo dos anos se criou um passivo
muito grande de investimento nessas áreas. E, agora, a eliminação do
racionamento começou a ser vista como prioridade”, disse.
Outra iniciativa que pode produzir
frutos já nesta estiagem é a ampliação do projeto de áreas de cultivo
irrigado no estado. A tecnologia já está presente em mais da metade do
município de Petrolândia, onde agricultores familiares, como José
Maurício, que planta feijão, milho, mandioca e melancia no município,
conseguiram garantir a produção.
“No meu caso a produção é pequena,
produzo mais para o consumo da família. Mas acabo vendendo alguma coisa
para comprar o que não produzo e já vendo mais caro. Outros
agricultores maiores estão vendendo o saco de feijão a R$ 400. Em
agosto, era R$ 100”, disse.
Se de um lado, José Maurício comemora,
por outro, lamenta a situação de quem não está produzindo e precisa dos
produtos para se alimentar e manter os animais. Na própria cidade de
Petrolândia, o cultivo irrigado é uma realidade de pouco mais de 60% do
município. “Ainda tem muita gente que trabalha na área seca e enfrenta
problemas com alimentação de animais e água potável e tem que buscar
[água] distante de onde mora. Em vários assentamentos, esse ano, era
para ter plantado em maio e tem oito meses que não chove e, aí, não tem
como plantar”, disse o agricultor.
Fonte: Blog Elba Galindo
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