A tropa de choque da Polícia Militar se
juntou, na manhã desta segunda-feira, aos homens do Exército, das Forças
Armadas e da Polícia Civil no cerco
a Assembleia Legislativa da Bahia, onde está um grupo de policiais
militares em greve. Helicópteros do Exército sobrevoam o local.
Há princípio de confusão. No começo da manhã, um policial militar furou o cerco
montado por homens do Exército e da Força Nacional ao redor da
Assembleia e se juntou aos grevistas. Ele foi perseguido por um policial
da Força Nacional, que desistiu ao perceber um grupo de PMs saudar o
colega.
Familiares e policiais grevistas que estão do lado de fora da Assembleia também tentaram invadir
o prédio na manhã de hoje. Eles foram contidos por homens do Exército,
que dispararam balas de borrachas no chão. Policiais da Tropa de Choque
da Polícia Militar foram chamados e isolaram o grupo.
Choque – A tropa de
choque chegou correndo ao local e se dirigiu ao fundo do prédio.
Dezessete carros da Policia Militar do Semi-Árido –que não aderiram à
greve– também chegaram ao local por volta das 7h.
O cerco ao local começou no fim da
madrugada e, segundo o Exército, tem o objetivo de isolar os
manifestantes para depois executar mandados de prisão e esvaziar o
prédio. A luz do local foi cortada na noite de ontem, que, de acordo com
os grevistas, tem mulheres e crianças de PMs acampados.
Os PMs estão em greve desde a noite da
última terça-feira (31). O grupo pede a incorporação de gratificações
nos salários e recusou a proposta de reajuste de 6,5%. Eles também
prometem reagir no caso de um uma invasão por homens armados.
Os jornalistas são mantidos a 100 m de distância do local. No entanto, a reportagem da Folha de São Paulo
viu urutus (veículo blindado de cerca de 15 toneladas, armado com
metralhadora) se movimentando nas proximidades e a chegada de um urutu
no local às 6h10. O clima é de extrema tensão.
Os grevistas estão reunidos no pátio da
Assembleia, acompanhando a ação e passando instruções aos manifestantes
utilizando um carro de som. Às 6h11, os manifestantes cantavam o hino
nacional e acenavam com as mãos para os policiais, gritando: “Vem! Vem!
Vem!”
O assessor do soldado Marco Prisco
Caldas Nascimento, líder dos grevistas, Valdeck Filho, disse à
reportagem que os militares se encontram a 50 m da assembleia e que a
estratégia dos manifestantes é resistir até o fim. Nervoso, declarou
“Vai acontecer uma chacina aqui, e o responsável é Jaques Wagner”.
Ontem, o presidente da Assembleia
Legislativa, Marcelo Nilo (PDT), deu um ultimato para que os policiais
militares desocupem a Casa até a meia-noite. “Quero a Casa que eu
presido de volta. Não posso permitir que o Poder Legislativo seja
esconderijo de foragidos”, disse.
Na madrugada do último sábado, a reportagem esteve na Assembleia e estimou que havia entre 800 e mil pessoas na Casa.
PRISÃO – Ontem (5), foi
preso um dos 12 policiais militares grevistas que tiveram a prisão
decretada na semana passada. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o
PM é acusado de formação de quadrilha e roubo de um carro da
corporação. Ele é lotado na Coppa (Companhia de Policiamento de Proteção
Ambiental) e foi preso pelo comandante da companhia. Além de responder
pelos crimes, o policial vai passar por um processo administrativo na
própria corporação.
CRIMES – O número de
homicídios registrados na região metropolitana de Salvador já chega a 89
desde o início da greve da PM, na noite da última terça-feira (31).
Apenas na madrugada de hoje, já foram registradas três mortes desse
tipo. O dia mais violento até o momento foi a última sexta (3) quando 32
pessoas foram mortas.
Reportagem : Folha de S. Paulo
Foto: Fabio Guibu/Folhapress
Fonte: Blog Elba Galindo
0 comentários:
Postar um comentário